Os diferentes aspectos do Transtorno do Espectro Autista em meninas na infância e adolescência: Uma revisão de literatura
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i2.48337Palavras-chave:
Transtorno do Espectro Autista, Mulheres, Criança, Adolescente, Diagnóstico.Resumo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dificuldades na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos ou restritos. O diagnóstico pode ocorrer a partir do primeiro ano, mas meninas autistas frequentemente recebem um diagnóstico tardio devido a sintomas diferentes dos padrões esperados. Isso ocorre porque os instrumentos diagnósticos, baseados no DSM-5, possuem viés masculino, dificultando a identificação do TEA em meninas e impactando seu desenvolvimento psicossocial. O estudo tem como objetivo identificar quais as particularidades do TEA em meninas e adolescentes do sexo feminino de 0 a 19 anos. Este estudo, uma revisão integrativa, analisou particularidades do TEA em meninas e adolescentes de 0 a 19 anos, considerando artigos publicados entre 2020 e 2024 nas bases BVS, Cochrane, PUBMED e SciELO. Foram selecionados 9 artigos, seguindo o fluxograma PRISMA. Uma característica marcante do TEA feminino é a “camuflagem”, estratégia que permite às meninas mascarar comportamentos e se adaptar às normas sociais. Embora facilite a interação, essa prática é exaustiva, prejudica a saúde mental e atrasa diagnósticos. Estudos mostram que meninas com TEA apresentam maior atenção social e comportamentos mais ajustados na infância, mas, desenvolvem dificuldades como ansiedade e menor contato visual. Diferenças cerebrais também foram identificadas, como redução mais lenta da substância cinzenta e menor presença de biomarcadores do TEA, sugerindo mecanismos de proteção nas mulheres. Esses achados reforçam que o autismo se manifesta-se distintamente entre os sexos, e um modelo diagnóstico baseado no masculino pode levar ao subdiagnóstico e à falta de suporte adequado para meninas autistas.
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