Fontes de poder dos entregadores de aplicativo
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i1.47998Palavras-chave:
Ações coletivas, Motoboys, Organização do trabalho, Plataformas digitais.Resumo
Historicamente a organização e luta coletiva dos trabalhadores tem constituído um importante fator de melhoria ou manutenção do ambiente e das condições de trabalho. Embora na última década tenham sido registradas diversas lutas dos trabalhadores de plataforma digitais, em particular dos entregadores de aplicativo, poucas tiveram conquistas duradouras. O objetivo do presente artigo é apresentar um estudo de revisão sobre as fontes de poder dos entregadores de aplicativo, utilizando os conceitos de poder estrutural e poder associativo. Por fim tratamos de três casos em que as lutas dos entregadores buscaram atingir também ativos intangíveis das empresas o Breque dos Apps no Brasil em 2020; a luta na Oferta Inicial de Ações da Deliveroo no Reino Unido em 2021; e a luta dos entregadores do eFood na Grécia também em 2021. As discussões se baseiam principalmente em revisão bibliográfica narrativa em inglês e português sobre formas de organização e lutas dos entregadores de aplicativo no Brasil e no mundo. As principais conclusões são que os entregadores possuem baixo poder estrutural, com poder associativo ainda insuficiente para mudanças significativas nas condições de trabalho e remuneração. Além disso, atingir o efeito de rede dessas empresas já se mostrou possível e estratégico para exercer poder sobre elas.
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